WOW da semana – Edição n.º 4
- andggomes

- 9 de jun.
- 8 min de leitura
O que vale a pena compartilhar essa semana e umas coisitchas más…
Eu falhei bastante em aprender história na escola - e, convenhamos, meus professores falharam na hora de ensinar também. Apostaram em nos fazer decorar eventos, datas e nomes e minguaram na técnica de storytelling. Deixaram de lado as fofocas históricas, ou seja, os os detalhes curiosos que despertam interesse e fisgam os jovens que adoram um babado.
A sorte é que hoje tenho a chance de recuperar o tempo perdido quando viajo. Aprender história no lugar onde ela aconteceu é uma das coisas mais incríveis da vida adulta. Por exemplo: no último final de semana, compartilhei no meu perfil do Instagram um post sobre a experiência que tivemos em junho de 2024 na Normandia, uma região no norte da França.
Fomos conhecer as belas paisagens, os vilarejos encantadores, e claro, aprender muito a história do Dia D (D-Day), onde ocorreram os desembarques aliados na Segunda Guerra Mundial em 1944, onde ela foi escrita. Vou deixar no final do texto o link pro post pra você ir ver e viajar com ele - te garanto que vale muito a pena ler a legenda e se deliciar com os vídeos.
Nesta edição, seguimos mergulhados na Segunda Guerra - mas agora voltamos ao comecinho dela, com a dica de uma série imperdível sobre um batalhão que até hoje alimenta as rodas de fofoca militar e que me deu até vontade de entrar pro exército. E, pra quem quer viajar sem sair do sofá, o destino da semana é um prato cheio: um dos berços da civilização, com mais de 5 mil anos de histórias épicas, templos colossais e lendas que resistem ao tempo.
Tudo pronto? Então, sem mais delongas, vamos!

A leitura é do caralho
Foi a frase que escutei essa semana e não pude concordar mais!
A grande epifania saiu da emocionada e irreverente voz do gaúcho Eduardo Bueno, Peninha para os íntimos. Que, assim como todo bom argumentador e escritor, é muito dotado de conhecimento, dono de conexões mentais interessantes e de uma oralidade (por vezes iconicamente exagerada) mas fantástica - tudo isso devido a um hábito simples dele: a leitura.
Um hábito que tenho Orgulho (sim, com O maiúsculo mesmo) de compartilhar com meu conterrâneo Peninha.
Eu aprendi a gostar de ler no colégio e foi totalmente na marra.
Meu professor de português, professor Nelson, durante um período inteiro na semana deixava uma turma de mais de 30 adolescentes livres pela escola.
Podíamos ficar em grupo ou sozinhos e escolher qualquer lugar do colégio para ‘se abancar’ e ler. Éramos livres para ler qualquer livro que quiséssemos. A única condição era que usássemos aquele tempo única e exclusivamente para a leitura.
O silêncio absoluto era essencial - e o professor Nelson não deixava barato: durante os 50 minutos do período ele caminhava sorrateiramente pelos corredores da escola a passos de pena com o intuito de achar os alunos que tentavam burlar o sistema de leitura com conversa fiada.
Pobre de quem ele pegasse conversando: era 1 ponto a menos na média! Sem choro nem vela.
E eu?
Por paixão aos meus suados pontos conquistados nas provas e por medo de perdê-los, eu lia.
E assim eu aprendi o hábito da leitura no colégio.
Comecei com Sophie Kinsella, fui para Sidney Sheldon, Nora Roberts, Dan Brown e, uma vez ou outra me sucedia a alguma leitura obrigatória do vestibular da UFRGS… o que aliás hoje em dia me apetece bem mais uma Clarice Lispector, um Érico Veríssimo e um Euclides da Cunha do que naquela época - mais um benefício da vida adulta: ser um pouco mais espertos do que éramos na adolescência.
Você está precisando de dicas de livros?
Eu tenho várias, anota aí:
Taste - Stanley Tucci. Esse livro é uma deliciosa viagem pela vida e pelas memórias do autor. Entre receitas e histórias cheias de humor, o livro é muito leve além de conter receitas deliciosas! A minha receita favorita é a Spaghetti con Zucchine alla Nerano - a história é linda e o sabor fenomenal (pra quem se interessar pelo livro, veja na página 238 e me agradeça depois).
I am Malala - Malala Yousafzai. Uma biografia poderosa que relata sobre a vida de Malala, uma jovem que enfrentou o Talibã. É inacreditável a história e emocionante da primeira palavra ao último ponto final.
Ensaio Sobre Cegueira - José Saramago. Apesar de genial, esse livro é perturbador. É um desses livros super atuais que nos deixa refletindo muito sobre a sociedade que vivemos.
Crazy Rich Asians - Kevin Kwan. A versão em português é Asiáticos Podres de Ricos. É demais! Super engraçado, leve e impossível parar de ler. É um mergulho no extravagante universo dos ultrarricos asiáticos.
No Me Gusta Mi Cuello - Nora Ephron - um livro de crônicas sensacionais. Fiz um vídeo review - vou colocar o link do vídeo lá no fim do texto (sim, eu quero que você chege até o fim porque o melhor está por vir!)
Desejo que sigamos lendo muito porque bem como disse Peninha: “a leitura é do caralho!”

E falando em cultura, a sugestão de série da semana é
SAS Rogue Heroes - uma série de maratonar e ficar de boca aberta do início ao fim de cada episódio. Pra quem gosta de história interessante é um prato cheio; e pra quem gosta de ver rostinhos bonitos na tela: Jack O’Connell, Connor Swindells e Sofia Boutella são os protagonistas. Uffff! So-cor-ro!
A série é baseada na história real da Special Air Services, uma das mais lendárias (e inacreditáveis) forças especiais do mundo que atuou na Segunda Guerra Mundial.
Grande parte das informações sobre o SAS ainda é altamente confidencial, e pouco se fala da unidade devido ao sigilo e à sensibilidade de suas operações - que não eram pequenas.
Basicamente os caras faziam parte do exército britânico e trabalhavam de uma forma bem fora da caixinha para a época: eles se infiltravam atrás das linhas inimigas no terrível deserto no norte da África (no início, depois eles vão para outros países, mas não quero dar mais spoiler) e faziam o caos acontecer.
Atacavam sorrateiramente bases aéreas das tropas do Eixo (principalmente alemães e italianos), destruíam aviões em pista, cortavam linhas de suprimento e desapareciam antes que alguém pudesse reagir. O grande objetivo era usar o fator surpresa: aparecer como fantasmas, fazer o estrago e ir embora sem um arranhãozinho.
Mas e por que a história é tão boa? Porque o batalhão era formado pelos soldados mais duros, ousados e brilhantes do exército britânico. E se você pensar que eles eram os soldados A+ do exército, os mais exemplares e melhores da turma, você se engana redondamente!
O batalhão da SAS era formado por soldados considerados “indisciplinados” e “inaptos” para o exército regular. Os caras eram muito mais rebeldes e inconsequentes do que soldados.
A equipe era formada por homens tão complexos, falhos e imprudentes quanto incrivelmente corajosos e heróicos. Opostos que no fim do dia só podia dar em um dos dois: vitória ilesa ou morte.
No início ninguém levava muita fé, mas com o tempo eles provaram seu valor e se tornaram lendários no mundo militar. O sucesso deles se tornou um modelo para forças especiais de elite pelo mundo.

Depois que terminei de assistir a série - que inclusive tem uma terceira temporada prometida - me peguei pensando que se eu fosse pra guerra eu queria ser desse batalhão de corajosos insubordinados!
Nem sempre aceito ordens de cara - é preciso entender a razão, sou criativa, corajosa e já passei por cima de hierarquias morosas para resolver meus problemas - upsi. É, talvez eu seria material de qualidade para o SAS, mas com certeza eu precisaria trabalhar um pouco a minha pontaria.
A beleza da insubordinação criativa e da liberdade de pensar diferente não pode jamais ser sufocada pelas mazelas e frustrações do dia a dia.
Não é desobediência gratuita — é pensar fora da caixa, quebrar limitações e expressar a nossa identidade.
Afinal, nem todo sucesso vem da ordem, né?

E falando em deserto, o destino da semana é o
EGITO!

Conhecemos o Egito no início de 2020 (sim, escapamos daquilo-que-não-se-quer-nomear).
Um destino que, apesar de muitos turistas sem sal saírem espalhando aos ventos que “é uma bagunça”, “é muito perigoso”, “não venha para o Egito”... é um destino espetacular e beira a incredulidade as experiências que vivemos por lá.
First things first: você possivelmente já tenha visto algum vídeo de alguém criticando o país. E por isso eu venho aqui defendê-lo.
Cairo, a capital, não é uma cidade linda e fotogênica como por exemplo, Paris. E também não estamos falando de um nível de segurança da Suíça, ou de um trânsito organizado tal qual na Alemanha.
Falamos de uma região com mais de 5 mil anos de história. Estamos falando das Pirâmides do Egito, de Faraós, de múmias, Vale dos Reis e do icônico Rio Nilo.
Falamos de uma cidade de 10 milhões de habitantes. De uma outra cultura - a cultura islâmica - tão complexa, rica, linda e diferente do que estamos acostumados no ocidente.
Falamos de um país em uma realidade subdesenvolvida e com problemas inatos a essa situação.
Por isso, quando for visitar preste atenção!
Não seja um turista inocente desavisado.
Não espere ver uma cidade construída por Walt Disney para encantar turistas. Cairo é uma cidade cor de deserto, uma cidade real, viva, cheia de história, belezas e problemas.
Então, Andressa, qual é a melhor forma de me locomover por lá? Finja que você está no Rio de Janeiro e tudo vai dar certo.

E o que vale a pena ver no Egito?
Eu diria que um bom ‘pacote inicial’ precisa:
Pelo menos 3 dias no Cairo para ver e viver com calma essa cidade caótica desértica. Só no complexo das pirâmides você poderá ficar uma manhã (ou o dia todo, dependendo da sua paixão por história e arqueologia).
Além disso, o GEM (Grand Egyptian Museum), recém inaugurado, é tão rico em sua curadoria que é impossível não reservar pelo menos meio dia para se perder por lá.
A Cidadela de Saladino, uma fortificação da era medieval Islâmica é um prato cheio pra quem ama aprender mais sobre o Cairo além dos Faraós.
A primeira pirâmide do Egito, localizada em Saqqara. Construída no século XXVII a.C. precisa estar no roteiro.
Saindo do Cairo, eu sugiro reproduzir o nosso roteiro: ir para Aswan de avião e fazer um cruzeiro inesquecível pelo Nilo com destino final em Luxor.
Cruzeiro pelo Rio Nilo, um rio sagrado essencial para a civilização (agricultura, transporte) e sentir a emoção de conhecer tantos templos sagrados na beira no rio. Edfu, Kom Ombo, Luxor, Filae, Karnak e Abu Simbel são impressionantes. Não vou nem me aventurar a descrever com palavras porque nem mesmo as fotos fazem jus à magnitude sagrada e beleza histórica dos templos. É preciso ir conhecê-los.
Quer uma experiência única que vai ficar pra sempre na memória? Sobrevoar o vale dos Reis de balão no amanhecer e depois ir direto conhecer o vale.
Ainda no Vale dos Reis é mágico e inacreditável entrar nas tumbas dos Faraós. Por lá vimos de perto as paredes ricamente decoradas, que impressionam por seu estado de conservação.
Imperdível: a famosa tumba de Tutankhamun, descoberta em 1922 - onde até hoje a sua múmia real está localizada. A máscara de ouro maciço de 11kg está no museu GEM no Cairo. Além disso, as tumbas de Ramsés V e Ramsés VI são verdadeiras obras de arte.
Você pode até não lembrar de todas as aulas de história, mas me diz: quem nunca sonhou em ver de perto as pirâmides? Ou navegar pelo Nilo com o pôr do sol dourando tudo ao redor?
Esse é o tipo de lugar que desperta um desejo quase ancestral de explorar e você precisa realizar esse sonho.
O Egito é real, e ele te espera!
Ah, se precisar de ajuda com o roteiro, já sabe: me chama! :)
Opaaa, quase ia esquecendo:
Aqui está o post da Normandia - corre lá ler!
E o review do livro No Me Gusta Mi Cuello da Nora Ephron aqui.
E para essa semana é isso. Gostou dessas dicas? Então compartilha com alguém e vem viajar comigo toda semana!
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Beijos, Andi.


















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